segunda-feira, 21 de julho de 2014

Coronel diz que tráfico recruta jovens no Alemão para ataques a UPPs

Rio - A apreensão de um adolescente de 17 anos no Complexo do Alemão nesta segunda-feira confirmou dados levantados pela Inteligência da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) e pelos próprios policiais: traficantes estão colocando menores na linha de frente do crime, para trocar tiros com militares. Muitos deles até participaram dos constantes ataques às Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs), como o jovem R.
Ainda de acordo com o CPP, ele figurava na lista dos 40 procurados pela polícia em operação realizada quarta-feira na região. Nesta segunda, um garoto de 15 anos foi apreendido acusado de atirar pedras em uma viatura na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha. 
O policiamento no Complexo do Alemão foi reforçado nesta segunda-feira, após os confrontos no domingo. Mesmo assim, houve tiroteio e duas pessoas foram presas
Foto:  Severino Silva / Agência O Dia
R. foi apreendido após novo confronto ontem pela manhã, o terceiro em 24 horas. Policiais que passavam pela localidade Avenida Central, contaram que foram atacados a tiros e revidaram. Junto com o rapaz, outro de 16 anos foi levado para a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). 
“Há uma crescente participação de menores na linha de frente, trocando tiros. Policiais viram menores de 14 anos armados na Rua Dois, um dos principais focos de onde partiam os ataques e onde colocamos reforço. Com as prisões das lideranças do tráfico, há uma renovação da quadrilha com esses jovens”, afirmou o coordenador das UPPs, coronel Frederico Caldas. 
O tiroteio de ontem levou pânico à população e fechou escolas públicas para 7 mil alunos. À tarde, comerciantes da Fazendinha, Nova Brasília, Alemão e Adeus, fecharam as portas. O confronto deixou um PM baleado, um suspeito de tráfico morto, além de uma viatura e uma base da UPP Alemão incendiados. Caldas ressaltou que, apesar da falta de prisões na quarta, foi feito mapeamento de pontos de concetração de suspeitos. Até o final da semana, 300 PMs vão reforçar a área.
O teleférico do Complexo do Alemão está parado desde a última semana por conta da violência no local
Foto:  Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Mortes no fim de semana 
O tiroteio desta segunda aconteceu após a morte do traficante Diogo Wellington Costa, o Bebezão, que foi baleado e preso no sábado. Ele chegou a ser operado no Hospital Salgado Filho, no Méier, mas não resistiu. O confronto também foi represália pela morte de Matheus Alexandre Silva dos Santos, o Papa, 18 anos, no domingo. Segundo a polícia, ele teria participado do ataque à UPP Nova Brasília. Atingido no olho direito, morreu no Hospital Getúlio Vargas, na Penha. Com ele, foram encontrados pistola calibre e carregador. 
Às 20h30 de domingo, uma viatura e um contêiner da UPP Alemão foram atingidos por disparos de fuzil, pedras e bombas caseiras. Um PM identificado como Cordeiro foi ferido no abdômen e está internado no Hospital da Polícia Militar. O ataque aconteceu na Rua Canitá. A viatura foi atingida por mais de 20 tiros. 
O teleférico da comunidade está parado desde a semana passada por conta dos tiroteios. O coronel Caldas informou ainda que tem relatos de moradores que foram obrigados a dar abrigo à bandidos em fuga. Nesta segunda à noite, outro confronto ocorreu na comunidade Nova Brasília. 
O secretário de Segurança Pública José Mariano Beltrame disse que está sendo feito trabalho de Inteligência no conjunto de favelas e que há 50 mandados de prisão para serem cumpridos. “Não vamos voltar atrás nessas ações. O Alemão é um lugar muito denso, onde você não tem mobilidade e a polícia não pode transitar com tranquilidade. Mas temos uma ação bastante contundente da polícia”, disse.

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